Patinagem artística
Nem tudo corre sobre rodas
A patinagem sobre rodas surgiu em Portugal na década de 50 do
século passado. Tem semelhanças com a patinagem sobre o gelo
mas é mais difícil. Os ringues são em madeira. Os patins, de quatro
rodas, podem chegar a pesar dois quilos cada.
A patinagem sobre rodas surgiu em Portugal na década de 50 do
século passado. Tem semelhanças com a patinagem sobre o gelo
mas é mais difícil. Os ringues são em madeira. Os patins, de quatro
rodas, podem chegar a pesar dois quilos cada.
A inscrição num clube é o primeiro passo para aprender
a modalidade.
A aprendizagem começa em grupo, com um treinador formado
pela Federação de Patinagem de Portugal (FPP).
No início,três aulas semanais de uma hora cada é
a frequência mais habitual. O clube exige o pagamento
da mensalidade e das quotas de sócio.
Nas primeiras aulas, o patinador usa patins emprestados
pelo clube.
Se gosta e quer continuar tem de comprar.
As crianças compram a bota dois números acima para
que durem mais tempo. Os modelos mais básicos ultrapassam
os duzentos euros. Os patins são importados e caros.
Em Portugal não se fabrica material técnico de qualidade.
A roupa para patinar é fabricada em Lycra e confeccionada
por medida.
Cada clube tem um fato próprio que o patinador tem de adquirir.
As raparigas usam um vestido formado por um maillot justo
ao qual está cosida uma saia que deve obrigatoriamente
cobrir os glúteos. Os rapazes usam duas peças: calças sobre
maillot.
Alguns clubes organizam festas anuais e torneios
regulares para divulgarem a modalidade.
Os pais descobrem que têm de gastar mais dinheiro.
À compra de novos equipamentos para acompanhar o crescimento
dos filhos têm de somar os fatos de fantasia.
As provas e competições nacionais
À medida que vão avançando na aprendizagem,têm de efectuar prova
dos conhecimentos adquiridos perante um painel de juízes.
Quando ficam aprovados num nível, passam ao seguinte.
O objectivo é conseguirem a aprovação em todos os níveis
para receberem o Certificado de Aptidão.
Obtido o certificado podem participar nas competições distritais
em representação dos respectivos clubes.
Alguns destes clubes fornecem transporte.
Outros não têm capacidade para deslocar todos os patinadores.
Têm de ir com familiares ou amigos. A gasolina e as portagens
ficam por conta de quem quer patinar. A alimentação também.
Parte-se cedo de casa e regressa-se tarde.
Por vezes, estas competições duram dois dias.
Os escalões mais jovens são os que têm mais patinadores.
Gostam de patinar e do convívio com os colegas.
Nem todos têm talento. Os que conseguem boas classi-
ficações avançam para as competições nacionais.
As distâncias da deslocação aumentam. Os gastos também.
No concelho de Cascais, a autarquia suporta todas as
despesas de inscrição dos atletas em provas e competições
organizadas pela Associação de Patinagem de Lisboa (APL).
É uma ajuda. Mas sabe a pouco.
Os patinadores do Sport Lisboa e Benfica treinam no ringue
da Junta de Freguesia de Benfica. Os patinadores benfiquistas
residentes em Portimão treinam no Pavilhão Gimnodesportivo
Municipal de Portimão. Esta autarquia assegura também
o transporte, explicou à Gazeta do Cenjor a antiga campeã de
patinagem artística Judite Gomes.
Diariamente, calça os patins e demonstra como se executam os
saltos e os piões perante os olhar atento dos alunos.
Ninguém diz que tem 63 anos. A treinadora dos atletas encarna-
dos vive para a patinagem pelo prazer que lhe dá e para se
manter em forma. Se fosse pelo dinheiro já teria abandonado.
É o que acontece com muitos patinadores quando chegam à adolescência.
Não querem andar a correr da escola para o clube e vice-versa.
Não querem sacrificar os fins-de-semana longe da cara-metade.
Não ganham nada nem querem gastar mais.
Alguns (poucos) continuam com determinação e espírito de sacrifício.
Por paixão.
dos conhecimentos adquiridos perante um painel de juízes.
Quando ficam aprovados num nível, passam ao seguinte.
O objectivo é conseguirem a aprovação em todos os níveis
para receberem o Certificado de Aptidão.
Obtido o certificado podem participar nas competições distritais
em representação dos respectivos clubes.
Alguns destes clubes fornecem transporte.
Outros não têm capacidade para deslocar todos os patinadores.
Têm de ir com familiares ou amigos. A gasolina e as portagens
ficam por conta de quem quer patinar. A alimentação também.
Parte-se cedo de casa e regressa-se tarde.
Por vezes, estas competições duram dois dias.
Os escalões mais jovens são os que têm mais patinadores.
Gostam de patinar e do convívio com os colegas.
Nem todos têm talento. Os que conseguem boas classi-
ficações avançam para as competições nacionais.
As distâncias da deslocação aumentam. Os gastos também.
No concelho de Cascais, a autarquia suporta todas as
despesas de inscrição dos atletas em provas e competições
organizadas pela Associação de Patinagem de Lisboa (APL).
É uma ajuda. Mas sabe a pouco.
Os patinadores do Sport Lisboa e Benfica treinam no ringue
da Junta de Freguesia de Benfica. Os patinadores benfiquistas
residentes em Portimão treinam no Pavilhão Gimnodesportivo
Municipal de Portimão. Esta autarquia assegura também
o transporte, explicou à Gazeta do Cenjor a antiga campeã de
patinagem artística Judite Gomes.
Diariamente, calça os patins e demonstra como se executam os
saltos e os piões perante os olhar atento dos alunos.
Ninguém diz que tem 63 anos. A treinadora dos atletas encarna-
dos vive para a patinagem pelo prazer que lhe dá e para se
manter em forma. Se fosse pelo dinheiro já teria abandonado.
É o que acontece com muitos patinadores quando chegam à adolescência.
Não querem andar a correr da escola para o clube e vice-versa.
Não querem sacrificar os fins-de-semana longe da cara-metade.
Não ganham nada nem querem gastar mais.
Alguns (poucos) continuam com determinação e espírito de sacrifício.
Por paixão.
A patinagem de alta competição
Paulo Santos: jovem promessa da patinagem portuguesa
O internacional Paulo San-
tos é um desses casos. Com
humildade, trabalho, discipli-
na e o dinheiro dos pais, este
jovem de 19 anos, que conta
já com um currículo interna-
cional notório, sagrou-se
vice-campeão de Solo Dan-
ce 2008, no escalão Júnior,
no último Campeonato do
Mundo, realizado em Taiwan
(Kaohsiung) .
A carga horária de treinos aumenta para um atleta de alta competição.
A preparação desportiva passa a bi-diária, com sessões de três
ou quatro horas cada. Treinar assim e ter boas notas na escola implica
organização.
Dinheiro também é preciso. A qualidade da bota,dos rolamentos, dos amor-
tecedores e do chassi influencia o desempenho.
Uns bons patins chegam facilmente aos mil euros.
A roupa para as competições tem de ser original.
Em harmonia com a música e os movimentos, valoriza a apresentação.
A confecção pode ultrapassar os quinhentos euros.
A despesa é permanente. O retorno financeiro inexistente. Como forma de
financiamento, os atletas tentam os patrocínios, mas com alguma dificuldade
conseguem algum investimento. As empresas estão pouco receptivas por se tra-
tar de uma modalidade pouco mediatizada.
Em Itália, os patinadores fazem actuações públicas e participam
em programas de televisão.
Em Portugal, passa despercebida do grande público.
A FPP deveria ter um papel activo na divulgação da modalidade. É da sua res-
ponsabilidade fazer chegar aos média as conquistas dos atletas portugueses.
Para isso tem um gabinete de imprensa. E um departamento de marketing e comunicação. Ainda assim,a FPP não satisfaz.
Quem consultar a Galeria de Atletas, encontra o currículo desportivo de alguns
patinadores por actualizar desde 2002.
«O futebol não pode continuar a ser o desporto-rei e as outras modalidades
os súbditos», afirma Paulo Santos, o único patinador português a conquistar
três taças da Europa em Solo Dance.
O internacional Paulo San-
tos é um desses casos. Com
humildade, trabalho, discipli-
na e o dinheiro dos pais, este
jovem de 19 anos, que conta
já com um currículo interna-
cional notório, sagrou-se
vice-campeão de Solo Dan-
ce 2008, no escalão Júnior,
no último Campeonato do
Mundo, realizado em Taiwan
(Kaohsiung) .
A carga horária de treinos aumenta para um atleta de alta competição.
A preparação desportiva passa a bi-diária, com sessões de três
ou quatro horas cada. Treinar assim e ter boas notas na escola implica
organização.
Dinheiro também é preciso. A qualidade da bota,dos rolamentos, dos amor-
tecedores e do chassi influencia o desempenho.
Uns bons patins chegam facilmente aos mil euros.
A roupa para as competições tem de ser original.
Em harmonia com a música e os movimentos, valoriza a apresentação.
A confecção pode ultrapassar os quinhentos euros.
A despesa é permanente. O retorno financeiro inexistente. Como forma de
financiamento, os atletas tentam os patrocínios, mas com alguma dificuldade
conseguem algum investimento. As empresas estão pouco receptivas por se tra-
tar de uma modalidade pouco mediatizada.
Em Itália, os patinadores fazem actuações públicas e participam
em programas de televisão.
Em Portugal, passa despercebida do grande público.
A FPP deveria ter um papel activo na divulgação da modalidade. É da sua res-
ponsabilidade fazer chegar aos média as conquistas dos atletas portugueses.
Para isso tem um gabinete de imprensa. E um departamento de marketing e comunicação. Ainda assim,a FPP não satisfaz.
Quem consultar a Galeria de Atletas, encontra o currículo desportivo de alguns
patinadores por actualizar desde 2002.
«O futebol não pode continuar a ser o desporto-rei e as outras modalidades
os súbditos», afirma Paulo Santos, o único patinador português a conquistar
três taças da Europa em Solo Dance.
Os estágios desportivos
Na alta competição os patinadores frequentam estágios para evoluírem tecnicamente.
A FPP organiza vários ao longo o ano.
Os patinadores com bom desempenho não pagam os técnicos.
Na fase de pré selecção a FPP suporta os encargos com deslocação e
estada, disse à Gazeta do Cenjor Edite Reis.
Integra o corpo técnico da FPP e afirma que estão a transformar-se para melhorar.
As associações distritais também organizam alguns estágios durante o ano mas os patinadores têm de pagar a inscrição.
Se pretenderem efectuar estágios no estrangeiro, a despesa do patinador aumenta.
Liliana Andrade: atleta apaixonada e dedicada
«Frequentava os estágios
com treinadores italianos,
principalmente o Gabriele
Quirini, que me acompanhou
durante dez anos e que foram
sempre pagos pelos meus
pais», acrescenta Liliana
Andrade. Campeã nacional
pela primeira vez aos onze
anos, conseguiu multiplicar o
título por quinze. Em 2005 foi
vice-campeã no Campeonato
do Mundo de Seniores, reali-
zado em Itália. Em 2006, con-
quista o bronze no Campeo-
nato do Mundo de Seniores,
realizado em Espanha e, em
2007, novamente o bronze, no
Campeonato da Europa de
Seniores, realizado em França.
Actualmente com 28 anos, é
médica dentista e treinadora
do Clube Recreativo Leões de
Porto Salvo. Praticar patina-
gem de alta competição não
lhe trouxe sucesso financeiro.
É obrigada a ter uma profis-
são paralela para garantir a
subsistência diária e o futuro
pós-carreira desportiva.
A legislação nacional
A patinagem artística não é modalidade olímpica e, por isso,
«os valores não estão fixados», disse à Gazeta do Cenjor Hugo Chapouto.
O vice-campeão do mundo 2008 em Solo Dance no escalão Sénior continua
à espera do prémio estatal relativo ao ano que passou.
Enquanto espera, vai gastando do seu.
A legislação nacional não serve estes atletas.
A única recompensa é o Estatuto de Alta Competição.
A Portaria nº211/98 regulamenta a concessão de prémios mas está desfasada da realidade desportiva que «carece de aperfeiçoamento legislativo»,
refere José Manuel Constantino, antigo presidente do Instituto do Desporto
de Portugal, no seu livro de 2006 «Desporto Geometria de Equívocos».
Em Portugal, os patinadores e técnicos desportivos não tem condições para se
especializarem no desporto.
Esta situação explica por que tantos patinadores ficam pelo caminho.
Anabela Gonçalves de Jesus
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